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domingo, 23 de junho de 2013

Dor constitucional



Petrarca considerava que  a dor, física ou emocional,  só se tornava impossível de suportar  devido à fraqueza da alma. A virtude :   suportar   a dor nunca se  alcança por sorte, mas pela  persistência. Ao contrário dos epicuristas, Petrarca pretende combater apenas  a dor, diminuí-la,   não torná-la agradável. Socorre-se muitas vezes de exemplos de homens ( e deuses...) que o conseguiram, para estabelecer como universal e ao alcance  de qualquer um conseguir vencer algumas batalhas.É aqui  que  entramos na arena.
Quando tenho alguém em sofrimento a quem conto histórias de doentes que padecem de males  piores, ouço  o habitual "Com  o  mal dos outros posso eu bem". Se der exemplos  de pessoas que suportaram  a dor.  o que ouço é um pouco o  que a Dor diz à Razão no manual de Petrarca:  " Não somos todos iguais". Nestes dias em que o sofrimento é quase  igualitário, o que mudou?
Posso estar enganado, mas noto forças em gente que tudo tinha para desistir, mas também noto um bicho diferente  acoitado no matagal. É como se algumas pessoas, trespassadas pelos factores ambientais, se estejam a deixar ir.  É como se a dor  passasse a ser constitucional.
 Não era bem isto que o amante de Laura pretendia.

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