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quarta-feira, 30 de outubro de 2013

A pescadinha


Em mais de vinte anos nunca ouvi queixas da vida sexual em casais de pessoas casadas com outras pessoas e conheci relações extra-conjugais  que duraram até seis anos.
O botão ( e que botão...) delas  tem um telecomando dentro da cabeça. Esse telecomando  deve ser accionado muito antes do outro. Às vezes 48horas antes. Ora, o companheiro distraído passa o dia calado, ou mal-humorado,  e à noite atreve-se.  Não ouviu a chatice que ela teve com um aluno, não notou a alteração que ela fez no quarto de hóspedes, refilou por ela ter chegado tarde de casa da mãe. Como o botão dele é um bocado solipsista, avançou. Esbarrrou-se, como dizem no norte. Os tempos actuais não ajudam nada, mas eles funcionariam da mesma forma se os tempos fossem outros. Elas, mais sensíveis, ou seja, mais compreensivas e inteligentes,  talvez se ressintam mais.
Num casal que vive em comum, o sexo começa dias antes. Antes de ser já era.

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