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terça-feira, 28 de outubro de 2014

Chorar alivia?


"Tens um novo advogado, o dr Bucefálo. Nada na sua aparência  te  faz recordar que ele foi em tempos um general de Alexandre da Macedónia". Adoro o Kafka humorista-depressivo das pequenas histórias  ( algumas nem meia página têm)  e esta é a abertura  de "O novo advogado". Trago-a porque nos pode ajudar a responder à pergunta que titula este texto.
Nem sei quantas pessoas choram à minha frente todas as semanas. O enorme carregador de lenços de papel é mudado de quinze em quinze dias. Este choro é diferente, claro. A pessoa está num contexto terapêutico, costuma aliviar-se ( o que faz muitas  vezes com que eu me veja como um autoclismo). O outro choro interessa-me mais: o solitário. Deixo de fora o choro de alegria, não me interessa nada.
Aprendi que se choramos de angústia antecipada o choro não alivia, mas se choramos por causa do que já se passou melhoramos  um  cadinho. O amargo das lágrimas  depende se somos o dr. Bucéfalo ou um general de Alexandre.

4 comentários:

  1. Caríssimo Filipe, o autor d'«O novo advogado» só pode estar a brincar com os incautos que lhe comprem a obrinha que, como é óbvio, não li): a equação "novo advogado = cavalo/cavalgadura" parece-me perigosa, ainda que revestida de caução classicista.

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  2. Caríssimo Filipe, Bucéfalo não era a montada de Alexandre Magno?

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  3. sim, e de Sterling Price, mas aqui era o Alexandre, por isso não alcancei.

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