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terça-feira, 13 de outubro de 2015

Cabeça fria


Já não me podem ouvir, no consultório, com isto da cabeça fria. E com razão.
Estou a chegar aos 50.  Levo metade da minha vida nesta faina (  muitas centenas de histórias de vidas acompanhei), enterrei um filho,  tive um cancro, publiquei quatro livros, ou seja, tenho obrigação de saber alguma coisa. Se tivesse de resumir o que sei ( não é muito  difícil)  sobre situações delicadas já  sabem o que diria.
Cabeça fria  não é indiferença ao perigo, grace under pressure,  aplomb, panache, valentia. Cabeça fria amarfanha  a condição estóica (1)  e o instinto de sobrevivência (2):

1) Significa aceitar o que nos acontece sem raiva ao mundo nem  auto-comiseração, mas também sem desistir. Cada dia é um ciclo inteiramente  novo ( daí a deriva popularucha do um dia de cada vez, que se conduzir ao cadafalso não adianta muito), o passado é nosso, o presente está  a ser feito, o futuro estou-me nas tintas.

2) Queres ou não viver?  Se queres, tens de viver bem. E viver bem monta um cavalo decidido, que sabe para onde vai. E um cavalo precisa de um cavaleiro que lhe diga para onde ir, que saiba para onde ir. A hesitação,  a tremura ou  a intrepidez estouvada fazem-te cair  da sela em segundos.


4 comentários:

  1. Woody Allen diz o futuro interessa me é lá que vou viver o resto da minha vida.

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  2. "Na luta entre ti e o mundo, opta pelo mundo" Escreveu o Kafka, para lembrar uns posts antigos que aqui foram publicados. Mas sim a ideia do cavalo/cavaleiro é muito boa.

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    Respostas
    1. sim, a do meu querido Kafka é melhor , ele é sempre melhor.

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  3. É sempre bom ouvir quem nos pode ajudar, mesmo que tenha de repetir várias vezes as mesmas frases e até "puxar-nos as orelhas", se necessário.

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